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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Acabamento

Vai acabar. Tudo um dia vai acabar.
Vão dissecar meu corpo sem propósito,
vão confiscar todo e cada depósito
depois que tudo entre nós se acabar.

A solução arrumada é o problema:
se distanciar em hora oportuna
vai depreciar nota a nota a fortuna
guardada em moeda pequena.

Cada esforço ruma à eternidade
vai deslanchar em verdade
que não se pode mais negar

Os sinais de um fim à metade
e este sentimento amargo que invade
nos lembra que tudo vai, um dia, acabar.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ela amar a mim



Tenho que amá-la
e ela amar a mim
quando propuser a ela
e ela disSER sim.
pOSSO esperar um tempo
pra me aprazer por dentro
de ter a tinta em tela
PINTAda por aquela
ELA que amar a mim.
Se me amar asSIM
que seja ensejo ao fim
pois vou ser EU se for
um Homem do Amor
que faz de toDA DOr
um MEL sabor que for
para fazer das bOCAS
despejos em mil GOTas
do amor dELA
e a ela
o amor de mI´M
Pra eu amar a ela
e ela amar a mim
tanto amor SENtido
enFIM.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

singuLAR sOciedade

Nos trEchos tortuoSoS da VIEla,
ao encArar a vIda como é ela,
batem cOrações pela harmonia
de ESTarmos juntOS SOb sincronia.

Se a tua pele negra imPele paz,
uns brancos bERRAM sermos desIguais
por crerem tERMOS muitas diFEREnças
em um engAno tOrTo de aparênCIAs.

Somos irMÃOS TALhados em País
tolhIdo para o enTorno de paRis
enFartar-se em inSana vaIdade.

Se resPiramos o Mesmo ar pelo nariz
e o mEsmo baTIMEnto o faz FELiz,
vAMOs viVer em singulAr sOciedade.

sábado, 20 de novembro de 2010

UnA diversidad

das inVasões BÁRBAras que SOfremos
das humilhAÇÕES e a inSTRUMEntalização
LIQUIDIficaram a dignidade dos fraTERNOS
impleMENTARAM a selvaGERIZAção

CIVILizações fotemente insTiTuídas
foram cruciFICADAS a morrer.
Na ignorânCIA de SERem: "as esCOLHIDAS"
JUSTificaram o DIreito de os sorVer.

Mas os reTALHOS sEM Costura
deixados por eLes atrÁS da fortUNA
são feitos de Homens, são VoCê!

Nas muDANÇAS à éPOCA futura,
nas AÇÕES REALizadas por USUra
fazem o nosSO MUNDO aCONTEcer.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

do chORO à fúRIA


O choque congestiona o fluxo sanguíneo.
A cabeça erguida entra em declínio.
As pernas tremem, não aguentam o peso.
O mundo desaba todo e o deixa preso.

Nos OlhOs, já se observa o desatino.
A face rubra paralisa sem destino.
A boca seca mostra-lo surpreso
e o ombro, de pronto, deixa de ser teso.

Escorre, pela cara, lágrima salgada
com o gosto, amargo, da mulher amada
e desce ríspida à travada glote.

Como um antídoto à honra humilhada,
retorna do estômago feita em cusparada
e o faz erguer em busca do que o esgote.

sábado, 30 de outubro de 2010

PerDOE-me por asSim Ser

Tentando vislumbrar aspectos invisíveis
das mentes que agem dia-a-dia comestíveis,
percebe-se, na gente, muito mais humanidade
do que conseguimos demonstrar com vaidade.

Proponho pôr abaixo as nossas travas
pra reconhecermos, com o uso de palavras,
os princípios proeminentes que nos guiam,
podendo destronar os que entupiam

nossos canais de aparências absortas
que às vezes nos confundem, em contagotas.
Proponho nos abstermos do que se vê!

Pra sermos mais precisos ao que somos,
por mais que às vezes neguem o que fomos,
será mais realístico o nosso SER.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Flores do Concreto


Em meio à toda impossibilidade,
explode um arroubo da idade
a trincar o mais forte cimento
já que há nele água a contento.

Em instante inesperado se ramifica
de uma raiz mais que profícua
galhos esguios entre o bloqueio
para depois o quebrar ao meio.

Em cada escudo há substrato,
o suficiente para que o mato
possa em seu meio florescer.

Em cada esforço ante o trato,
haverá apoio a encher prato
fomento do fruto que virá ser.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

REtroVISORA

Há de haver penhasco pro abismo.
Sem onda, será surfista do sofismo:
ao optar pela premissa rosa
afogou o branco em presunção falaciosa.

Se se concentrar no lustre da embalagem
terá mesmo um vaso em bela imagem.
Mas veja o serviço que se propõe prestar
ou as bolachas do seu EU vão estragar.

Um recipiente não deve refletir
a não ser o que seja que sentir
à pena de lhe tornar a si exterior.

Se há sombras sem luz, vou intervir
pra não ver o que houver em seu devir
e só lhe ter de novo no retrovisor.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

EnTiTuLado

Tô com a boca cheia pra dizer
tudo o que eu guardei em mim.
Engoli a armadura por gemer
para lhe entregar um querubim.

Afeta a mim o medo de exceder
o que espera do futuro a que vim,
só me importa se quiser retroceder.
Vou sofrer todos os passos de um fim.

Mas todo fim é um modo inicial
de deixar efêmero os faros do final
para que possamos nos tatuar.

Maior do que tivemos em tempo tal
amores pra vivermos sem igual
é a proposta feita pra nos rejuntar.

sábado, 18 de setembro de 2010

DisTiNTurado

Aqui, dentro de mim, está guardado,
comprimido de um modo exaustivo,
os sentimentos de um sonho inacabado
e as dores de um delito omissivo.

A pressão dos olhares renegados
e os caminhos sinuosos adotados
são fuga à verdade e ao que sinto.
Tornam branco o sangue que foi tinto.

Meu corpo não se aguenta manter são
por agir em cada escolha à contramão
das vontades internadas de amargura.

Espero que a premente erupção,
antes que me  arruine em implosão,
destrua esta pálida e soturna armadura.

sábado, 4 de setembro de 2010

bestia cupidissima*

twanight.org

O temPO é escasSO e o espaço, amplo.
O prAzo é lAço e enganCha o pampo**.
o bERRO é surdo sem algum alcance
para que o ouvido mudo do UniVerso dance.

GalanTeia a nebulosa em destTino infante,
ela traz, ao eterNO, um singuLar instante.
Cada transição TRAÇAda para que avance
é passo D.A.Do. em falso à fortuito lance.

aFerir ferIdas de um pleno plAno
levará o homem ao estado insano:
a narcose de saber um objeto nulo.

Na movimentação esTática, no engano,
toda TeoRia traz, na cura, um dano
enTOAdo na gargAnta que, porTanto, engulo.


* bestia cupidissima rerum novarum  - animal ansiosíssimo por coisas novas.
**Pampo - rebento tardio de cana de açucar: pampos de cana caiana (Dicionário UNESP do Português contemporâneo)


- Princípio poético da Teoria da Nulidade Teórica Ampla.

DesFIADOR

Não sei o que sucede c'a PESSOA,
mas a nuança TENSA me afeiçoa.
o SURTO é, de fato, promissor infarto
e a angústia traz desejo anterior ao PARTO.

Nas DORES, é que há a falta de sabor
adocicado inerte do PRAZER que for.
Este, o VALOR supremo em disputa.
o PAI legitimado dos filhas da PUTA.

Deixe estar feliz para poder SOFRER.
Prescinda da essência, atrás do PODER,
mas saiba, vai pagar a CONTA um dia.

O déficit instalado por seu MAISquerer
o mundo INTEIRO pra lhe absorver
trucidará os ossos da sua COVARDIA.




Constatações de um Ameríncola Macambúzio


1- Se deus criou o (i)mundo em SETE dias e se passaram cinco MIL anos, como fazem CRER, ainda não se DEU conta de o consertar.

2- Pelo RESTRICIONISMO PROIBITIVO - o ordenamento jurídico deveria adotar o RESTRICIONISMO em relação à política de drogas, as atuais ilícitas. Destarte, seria eficaz a regulação do consumo em respeito às liberdades individuais com o comedimento necessário. Com efeito, resultaria no fim à PERMISSIVIDADE FALSAMENTE PROIBIDA da atualidade.

3- "a inquietação através da experiência e da crítica parece que se rompe de encontro a uma rocha profunda, ampla e inamovível de modelos consentidos de interpretação, de lealdades e práticas" (Jürgen Habermas)

4 - As ferramentas -extensões do homem (Macluhan) - ofertadas pelo consumo devem ser utilizadas para ampliar a potencialidade cognitiva humana e não, somente, para abrandar as angústias cotidianas.