Nossa cabeça
tem na incerteza
o caminho dos sentidos
eu vejo e atribuo
dou linhas aos pontos
Desenho horizontes
sem ter onde
lhes sustentar
A minha e a sua testa
buscam fazer festa
de todo confete
Nos bastam três manchas
pra lhe dar chances
e pinta, em relance,
fato e sentimentos
Onde há luz e tempo
junta-se elementos
e lhes faz sambar
Cada ponto e traço
têm o seu espaço
em nossas certezas
Criam descompasso
por mero cansaço
da nossa telha
Se olharmos bem
tudo o que contêm
está no tutano
de nossos decanos
Deles é de quem
roubamos
tudo o que pensamos
Pouco nos há além
Disso nos compomos
Traços e troncos
Letras e tomos
Os quais nos puseram
e nos impõem
Páginas
INQUIETO
"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)
sexta-feira, 23 de junho de 2023
O Carrossel dos seus Bichos
Seu rosto é mancha em um perfil
Checo, no momento, o quanto de si,
Em meu pensamento, realmente existiu
Releio suas mensagens e poemas
Ouço seus áudios já tocados
E me toco
O seu caminho me é visível
Sem que possa ter um retrato seu
O espírito dos seus trejeitos
Habita os meus meios
Sem lhe dar pistas
Nem deixar lhes veios
As imagens que tenho de si
Podem ser invento
Ou proveito
Os sabores que senti
São parte dos seus rumos
São portas pros desenhos
Guardados em camadas
Formadas
Por esboços de comportamentos
E delírios
Rodam em um carrosel,
seus bichos
Onde a cada giro
Há novos seus
Me preenchendo e submergindo
Checo, no momento, o quanto de si,
Em meu pensamento, realmente existiu
Releio suas mensagens e poemas
Ouço seus áudios já tocados
E me toco
O seu caminho me é visível
Sem que possa ter um retrato seu
O espírito dos seus trejeitos
Habita os meus meios
Sem lhe dar pistas
Nem deixar lhes veios
As imagens que tenho de si
Podem ser invento
Ou proveito
Os sabores que senti
São parte dos seus rumos
São portas pros desenhos
Guardados em camadas
Formadas
Por esboços de comportamentos
E delírios
Rodam em um carrosel,
seus bichos
Onde a cada giro
Há novos seus
Me preenchendo e submergindo
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
POSE-it
Já, agora, nem olho pra baixo
Mesmo n'altura dos pensamentos,
não tem ares em que me encaixo,
tampouco me carregariam os ventos
As cordas entrelaçadas se desprendem
dos dedos em que se fazem os nós
Nos caminhos tortos se fendem
mergulham como estivessem sós
Tão poucas diferenças as temos
e tão distantes, as nossas vozes
nos recorrentes sinais dos tempos
Na ruptura tida em diminutas doses
busca-se em cada vão por prêmios
condicionados um-a-um nas poses.
terça-feira, 3 de janeiro de 2023
Choro em Chuva
É a tristeza que nos faz cantar
Ao ser triste faz-se o desencanto
de tudo o que nós temos tanto
e pouco o que não seja pranto
Ao ser triste faz-se o desencanto
de tudo o que nós temos tanto
e pouco o que não seja pranto
Quando se diminui os passos,
e há tempo para um mergulho
sente, no calcanhar, cansaços
E a melancolia causa embrulho
É a chuva que nos faz correr
pelas nuvens das que cobrimos
E os medos tornam-se delírios
O choro é chuva dentro de você,
derrama quando ninguém vê
todo clima em que lhe anuvia
domingo, 4 de dezembro de 2022
Petit four
Em todo o tempo,
de todos os dias,
falta acalento
de todos os dias,
falta acalento
Falta argumento
que nos aplique
temperos nas ideias
Sabores nas conversas
Daí lhe janto as palavras
a cada garfada
nos seus trejeitos
Como seus cílios,
beijo seus segredos
para que a sua loucura
dê prazo ao meu desejo
Estenda o espaço
em que prevejo
caber tudo que virá
entre tudo
e tudo entre nós
Sinto seus brios
em leves rios
a carregar os prantos
que tivemos
em leves rios
a carregar os prantos
que tivemos
sob os encantos
de quem vive
Para se entregar
à foz
de seus caminhos
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
O que flor será (Sorte em ser-te)
cada amizade é uma folha
cada pessoa, uma árvore
cada paixão é uma estrela
cada coração, universo
cada amor é semente
cada ser, uma sorte
Espinhaço
De início
já se notava
um indício
do seu jeito
já se notava
um indício
do seu jeito
Com o tempo,
o que tem por dentro
aflorou
suas quinas
aquilataram o espaço,
determinaram o passo
e privaram a cabeça
dos seus traços
O que for que faça
tem sua graça
e o seu contrário
Soma ou Suma
sendo só
uma
soma
seu som
é sintoma
sem
dor
sai da sua
sanha
senta-se
e sinta
cento e sessenta
tons
de sabores
Em suma,
assuma!
AmarOmar
amar o mar
me faz querer
marejar
mover e mexer
mergulhar
imenso
em
imerso
firmamento
que
disfarça os pensamentos
para me ater
me atar
a ser quem sou
inverso
e avesso à dor
me faz querer
marejar
mover e mexer
mergulhar
imenso
em
imerso
firmamento
que
disfarça os pensamentos
para me ater
me atar
a ser quem sou
inverso
e avesso à dor
Marcianos
O seu beijo tem tonto encontro
porque te quero tanto
em qualquer dimensão
porque te quero tanto
em qualquer dimensão
Se tivesse dinheiro
deixaria o mundo inteiro
pra lhe dar o espaço
Vamos voar sem freio
que o rumo do meu peito
tem sua direção
Eu sei que sou suspeito
mas vou dar um jeito
pra lhe ter por perto
Entre em nossa nave
vamos voar suave
e pousar na imensidão
sábado, 20 de agosto de 2022
My place is no place
Abaixo da escada
interminável
do café Bricolete
a musa de Camamducaia,
uma moça despojada,
tanto quanto desastrada
pintada toda de branco,
com cabelos vermelhos
e eu
planejávamos trovoadas
a serem cometidas junto
ao nosso pequeno DOG-GOD
de sete centímetros
que não parava de ser atropelado
infinitamente
ao lado do café da escada
Exatamente todas as vezes
em que alguém abria a porta do café
caiam todas as bicicletas
à sua frente
e a gente
sem tentar parar o mundo
levantava uma magrela junto a outra
Foi nesse instante desconexo
em que conhecemos as duas namoradas
possuidoras de uma das bicicletas
que numa de suas quedas
amassou o já amassado
chicletinho rosa
onde estava escrito
"Juntas para todo o sempre"
interminável
do café Bricolete
a musa de Camamducaia,
uma moça despojada,
tanto quanto desastrada
pintada toda de branco,
com cabelos vermelhos
e eu
planejávamos trovoadas
a serem cometidas junto
ao nosso pequeno DOG-GOD
de sete centímetros
que não parava de ser atropelado
infinitamente
ao lado do café da escada
Exatamente todas as vezes
em que alguém abria a porta do café
caiam todas as bicicletas
à sua frente
e a gente
sem tentar parar o mundo
levantava uma magrela junto a outra
Foi nesse instante desconexo
em que conhecemos as duas namoradas
possuidoras de uma das bicicletas
que numa de suas quedas
amassou o já amassado
chicletinho rosa
onde estava escrito
"Juntas para todo o sempre"
domingo, 10 de abril de 2022
aDoraDor
Meu médico
já não receita poesias no escuro
Deixa-me tomar litros
do obscuro
sem dizer onde excretá-lo
No parque onde fazia exorcismos
a grama crescia, virava arbustos
Onde me prendia
aos prantos dos moluscos
Os arredores dos meu bichos
tem mais dentes cravejados
que oblíquos
Estacionado seu calço,
nos alpistes.
Os ossos descalcificados das turbinas
impulsionam já, desafetados,
nosso clima
Atravessam em nossos ralos caldos,
de bubuia,
as mensagens atiradas na labuta
Tem dias que se baixa o sol
pelas beiradas
sem dizer às suas folhas
por quais estradas
vão cair ou revirar
a sua alma
já não receita poesias no escuro
Deixa-me tomar litros
do obscuro
sem dizer onde excretá-lo
No parque onde fazia exorcismos
a grama crescia, virava arbustos
Onde me prendia
aos prantos dos moluscos
Os arredores dos meu bichos
tem mais dentes cravejados
que oblíquos
Estacionado seu calço,
nos alpistes.
Os ossos descalcificados das turbinas
impulsionam já, desafetados,
nosso clima
Atravessam em nossos ralos caldos,
de bubuia,
as mensagens atiradas na labuta
Tem dias que se baixa o sol
pelas beiradas
sem dizer às suas folhas
por quais estradas
vão cair ou revirar
a sua alma
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