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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

leave-A to LIVE



Eu quero vê-la e vivê-la intensa,
quero viver onde mora e pensa.
Estar na seda dos seus brios
e afogar-me em seus raivosos rios.

Os seus olhares partem-me ao meio,
fazem das pedras no caminho, veraneio.
A bruma, tão tranquila, a rodeia
e torna inteira a alma tida como meia.

Um beijo nos derrete ao merecer
a sua boca unida ao entardecer
e ao céu satisfeito, por sereno.

Pretendo abandonar-me por você
e dissolver-me sobre o anoitecer
para fazer, de mim, o seu terreno.

enViVecer


Desiludido por satisfeito
penso não ser sujeito
ao trânsito trivial da vida,
a esperar os passos pra saída.

O tempo espera-nos no leito
para tomarmos proveito
e libertar-nos da enraivecida
ocasião a borrifar-nos pesticida.

EntreLaçamo-nos à comprometida
privacidade, já persuadida
por sermos sós, em conjunto.

Mas se provarmos alternativa
nossa carcaça, por estar viva,
fará, do tempo, o defunto.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

desCabido

Meu vinho sem cor
meu Licor
minha água insalubre.

Não rubro,
não subo mais os buracos,
não me atraco às cortinas.

Me tornei um Doutor.
Um eTerno amor
de viúvas vazias.

Só encontro calor
nas paredes pintadas
de angústia.

Sinto um nobre estupor
de me por
uma algema nas asas.

Gasolina na mente
e premente
uma nova saída.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

desPaLavrado


As mãos correm
pelo corpo
a tatear
toda a planitude
do lugar.

Sem murmúrios
e assovios
nos ouvidos
me sussurram
estampidos!.

Para a falta de palavras
um silêncio ensurdece
me tapa os dons
e agonizo
sem sinal dos sons.

O frêmito do peito
soa surdo
e despreza o batimento
do absurdo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

sós

Nós não somos nós
a não ser sejamos,
além de nós,
tudo o mais.

Nós só somos nós
se não esquecermos
que o arredor
tal nos faz.

Nós, somente nós
sabemos estar a sós,
indispostos
pr`a paz.

Nós somamos nós
se nos entedermos
nos tratos
e após.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Casmurro

Quero notícias de você
pra me fazer dormir
quero uma nota sua
se eu existir.

Quero Corresponder ao seu desejo
de me esquecer,
mas preciso me informar
cadê você?

Quero saber onde está
aquele seu afago
e não perder aí
seu doce amargo.

Quero me perder assim
para lhe encontrar
fora das vontades
de lhe impedir.

Quero notícias de você
para poder sonhar
um som que seja
pra sentir.

domingo, 8 de maio de 2011

feLicitação (ou Letra Morta)


Investido no poder sobre este corpo
por decreto inderrogável do meu peito
publica-se um certame em mim absorto
no intuito de não ser jamais desfeito.

Como um ato pessoal discricionário,
delineio o requisito imprescindível
para concorrer a um quinhão agrário
de um terreno árido dito indivisível.

Para estar devidamente habilitada
exige-se amar cada pitada
dos fartos desatinos do destino.

Se estiver em nossa alma concentrada
sairá da decisão como a cotada
para ser a vencedora em meu cassino.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

viVIdas doREs

Como é doce lembrar das minhas dores
as que não doem tanto na lembrança
de ter vivido, intenso, os meus amores
e terminado cada amor sem esperança.

Ai, como é bom lembrar por ter passado
e não viver mais nada do vivido
até suspiram sopros, superado
dos beijos e abraços suprimido.

A cada passo dado, mais distância
dos nós em nós mal dados de infância
e, agora, ter meus sonhos sem lambança.

As dores que virão terão em breve
um farto entroncamento em greve
com a memória grave que descansa.

sábado, 26 de março de 2011

Poeteria


Eu fabrico rima
um verso acima.
O pão na palavra
e o fermento destrava.

Um tempo pra crescer
e o trigo a enriquecer
a sílaba na cilada
da verve enraizada.

Depois que aparecer
podemos esquecer
e partir ao meio.

Um beijo a escrevê-lo
tecido no cabelo
do dorso ao seio..

quarta-feira, 9 de março de 2011

enSIbilante

Vou me deixar levar
no ar, distante do meu lar.
Vou me deixar dar vazão
e vazo à vista da evasão.

São vastas suas vestes
para enviesar as pestes
sabidas de seus brios
Em sibilantes secos rios.

Vou acompanhar faisões
feridos em francas ilusões,
manchadas em chuva vã.

Molha os meus sermões
para introjetar razões
nas veias do amanhã.


segunda-feira, 7 de março de 2011

ReInVento

Não consigo te ver
Sem que o coração pule
Para fora do peito
E uma chuva torrencial
Caia dentro de mim.

Não consigo pensar em você
Sem a escuridão
A tolher a razão
E ter raios saindo
Pelas pontas dos dedos.

Não consigo falar
Sem atropelar palavras
Sem dar tempo ao silêncio
E ter na língua
Um antigo sabor.

Não consigo escrever
Sem borrar a tinta
Com lágrimas caídas
Sem ter esperança
De nos reinventarmos.

Não consigo viver
Sem te ter nos meus braços
A esquecer os percalços
De um incansável drama
Pelo amor de quem ama
ETERNAMENTE

sábado, 12 de fevereiro de 2011

DesNovelo


Desejo, esvoaçante, o seu cabelo
aqui, de longe, sentado, a vê-lo.
Não posso me conter e peço ao vento:
me ponha em sua mesa num momento.

Quero desenrolar o seu novelo
porque, de longe, faz pirar meu pelo.
Se não suceder ao meu intento
posso lhe dizer que me arreBento

de desejo, por querer lhe conhecer
e, de longe, não posso me conter.
Sua saída me deixaria à deriva.

Acaso me traga instantes de prazer
deixo a tinta desta pena sem tecer
as lembranças esquecidas, minha Diva.