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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Vida, Longa Vida

É assim que eu conduzo a vida.
São essas as curvas da esquina
O vento que toca o destino
sem entrada, e sem saída

Há precipícios, de início
Pula-se um passo, e o pessimismo
estende pontes com corda.
Me amarra e enamora

Todo atalho tomado é perdido,
um caminho sem sentido,
um rumo sem destino. E
no desmantelo, eu me materializo.

O perdimento dos meus sentidos
desenganados e desmentidos
enviesaram o quê sou constituído

No debate, há algum movimento
ocorre mudança e o tormento
faz jus ao que Vi, Vivi; e investigo!

sábado, 18 de novembro de 2017

Ataca e Ama

- Eu mudaria toda minha vida
pra ficar com ela.
- É serio, eu faria isso!
- Eu falando isso..
logo eu, falando isso!
- Você esperava isso?
- Que eu falasse isso?
(Quisesse compromisso,
sem o sumiço
que tem inventado
por qualquer caso.)
- Eu mudaria tudo por ela,
pulava da janela,
me trancaria atrás da porta.
- Não me importa,
tudo que for aorta:
sangre!
(Um tempo a mais
no sangue.)
- Eu viraria do avesso,
rezava ao contrário,
dobrava meu terço!
(Faz tudo pelo proveito,
que tem no peito.)
- Eu faço o que lhe for bom!
(sobe um tom)
(e se entorta...)
- Meu corpo, "compatriota",
comporta
a lama toda do mangue
e o enxame de outrora
assenhora
os temores da prece.
- Vem, regressa pra mim!
("O futuro não tem fim,
nem você sem mim".)

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Dragonfly Eye-Brown

Quando eu mudei de país
larguei tudo para trás
foi só pra te ter
pra perpetuar
Eu me casei
me reproduzi
Tive uma filha
que se casou
e te apresentou ao mundo
e seu esposo,
nunca teu pai,
foi imundo
Te apagou a alegria,
te escureceu os dias
Não havia amanhecer em seus dias
"In the mornings, was no mornings"
Não havia lua à noite
Mas a sua força,
o nosso laço
te faz crescer,
resistir
e alcançar
Seja eu e você,
siga nosso passo
e vamos
pertencer
ao Espaço!

terça-feira, 11 de julho de 2017

otró¶ico

Vou prum outro prédio,
pro sítio ao lado,
onde me encaixe.
Vem, vambora
tenho a minha história
- Dou Tora, Dotôra
Me ensina a aprender,
professora.
Leia meus poemas,
sente o sintoma,
convalesça
Onde estou agora?
Piso em que grama?
Quanto vale a grana?
O que lhe faz viver?
Já tem um tempo,
umas horas,
que não sinto por dentro
uma esmola
do que houve aqui
E, agora,
já não há mais glória,
razão pra existir
Vem, vambora
Tá frio lá fora
Vou te agasalhar
Me dá a mão,
dois beijos na face
um puxão de orelha
e uma foice
Foi-se o tempo
em que me deixava levar
Por ser leve
Sou mesmo levado
Eu tenho fogo no rabo,
não é mero detalhe
é um agrado,
o tempero do prato
Vamos almoçar?

domingo, 18 de junho de 2017

Arengueiro

Olha
Olha pra lá
Olha além daqui
Olha o que não se vê
e vais entender por quê
sou assim
um estrupício
um pedaço sem fim
um começo do que não tem
fim
um desejo de ti
Venha pra cá
Venha me fazer feliz
deixa te fazer feliz
Eu vou brigar contigo,
mas cada briga
será
pra que tu
sejas
meu melhor abrigo
Minha casa
Minha prisão
e alforria

sábado, 17 de junho de 2017

Condenados à Fiambreira

A vida vai ceifar a sua vida
lamina por lamina...
O tempo vai cortar teu corpo
te desfazer todo
A alegria é uma faca fina
te constitui
e te dilacera
Mas não se poupe
tenho, aqui, no pensamento
que o que pode ser morte
pode ser refinamento


*argumento de Luís Lima

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Ahn Hã

Meu doce,
prove meu segredo
o que há de sagrado
em meu medo.
Ponha sutileza em meu jeito
e me tranquilize.
Paralise
tudo o que não for seu cheiro.
Meu doce,
me dê sua palavra,
tão calma,
me dê seu silêncio,
sua alma.
Trace, comigo, um caminho
uma tática de paz
um plano para que o passado
nunca seja empecilho
para nada nesse mundo.
Meu doce,
vamos mergulhar fundo
que a vida é curta
e não há mais sentido
nisso tudo
que o seu
e o meu
absurdo.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

(sem título)


Cloridrato de Diamantina

O dia mantinha
seu rumo
quando, de tardezinha
olhei
dentre os teus olhos
fundo
Depositei esperança
Uma aposta
decisiva
em teus lampejos
e cada um de Teus trejeitos
Treme tudo o que vejo
No tempo que tenho
Para estar contíguo
Te enxergo
Cego
Em meu peito

Tenho uma Casa

Do tanto que já andei por aí
Do tanto que vou andar
posso dizer, sem problemas
eu tenho um lar

Por mais que não tenha destino
Por mais que não tenha fim
posso dizer de estopim
tenho onde ficar

Mesmo que não saiba onde
Mesmo que não saiba quando
tenho que dizer agora
eu tenho uma casa