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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)
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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Espia


Não há rosas sem espinhos
não há vento que navegue
sem medi-lo
Não há cheiros que se entreguem
gustativos
Sem gritar.

Não há cores nas paredes
sem deslumbre
Não há luz que não se veja
em azedume
Não há alegria desprovida de cansaço
tristeza, sem percalço.

Não há rua sem calçada
não há pele nua
sem se ter tapada
não há nova ideia
ainda inventada

Não há palavra sem espaço
não há ponto sem traço
não há gente sem a gente
não há mais quem aguente.
não há sal adocicado.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Na Terra do SOU

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma
e eu, tanto faz!

Coisa que é
ou que não é
não importa mais
Importam os Uis
e não os Ais

Se porta um plus
um algo a mais,
porte-se blues
ou parta um jazz

Nos tons de azul
ou de lilás
teu corpo é cool
é habitat

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma
e eu, tanto faz!

Se é rock'n'roll
e quer demais
perde um amor
por outros mais

Pode não ser 
o que deseja
mas tem tesão
e brotoeja

Se é bossa nova
ou se não é
só cabe a si
sambar

Coisa que é
ou que não é
não importa mais
Importam os Uis
e não os Ais

Toca seu groove
com entonação
e há quem ouça
samba canção

Suas artimanhas
só vão saber
os que forem
ao menos hipster

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma.
Eu, tanto faz!

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Só Movemos

  Vemos
                     como somos
  Somos
                       o que vimos
ViVemos

domingo, 28 de setembro de 2014

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Refúgio


Fujo da opressão, dos prédios, por sacrilégio, das ruas cheias, das pessoas rasas.

Fujo de mim mesmo, do que fui, do que pretendia ser. Das obrigações mundanas, do tédio. Do aluguel do corpo, das contas a prestar.

Fujo das remessas rotineiras de afeto sem traquejo, sem beijo.

Fujo do passado, malogrado. Das histórias infindadas, dos abraços sem pegada.

Fujo das conversas com caminho traçado, com resultado.

Fujo de filosofias saturadas, de cartas marcadas, onde não se pode inovar.

Fujo de um mundo sem pecado, desvairado, onde só se pode acertar. Dos comportamentos marcados, ritmados, rotulados pra pagar.

Fujo de um povo apavorado, que tem tudo, mas insiste em negar.

Fujo para a praia do rescaldo, do meu lado, onde Ser é estar.

sábado, 21 de dezembro de 2013

emTeuTino


teu tato te tatua
no tempo em que estás, então
do todo, o que compactuas
ata teu tom à intenção.

ante tamanha atitude,
trates de teres virtude:
transe tudo que te dão.

na mente, a intuição
tem que tua atenção
toma o destino em suporte.

se não te aguentam, suturas,
o vento em que te aventuras
tem que tecer tua sorte.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

vivus voco

Sem razão para crer
nas invenções por aí,
sem sermão sequer
posta-se para iludir.

Comporta-se para conter
preceitos ao incutir
o que julga seu ser
lançar-se como elixir.

Mas, sem solução, se ferra
crente como seus pares.
Perde o duelo e a guerra
lhe faz atrasar hectares.

A razão finca raízes na terra,
a crença joga suas folhas nos ares.
Quando seu vôo se encerra,
deitam no solo os azares.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

aPáLavra

a palavra
repetida
muitas vezes
tem o seu
sentido
suprimido
suprimi
supre

a palavra
tem no seu
sentido
algo
por ter sido
repetiDA
repetIDA
repeTIDA

a palavra
sem ser
dita
teme ter
a sua letra
esquecida
e qu  ci  a
   q    c   a

rePETida
a palavra
su.........
a palavra

a pa lavra
a pa la vra
a p a l a v r a

domingo, 11 de novembro de 2012

Justa Causa

Atrasados, seus olhares perdidos,
desencontrados,
não buscam a mesma linha.

Aos trancos, seus traquejos
desajustados,
estremecem ao se esforçarem.

Seus impassíveis pulsos,
desempregados,
se distanciam em silêncio.

E seus calados sentimentos
remanescentes
não bastam a lhes justificarem.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

sentIDOS e ConSIderaDOS


Sentidos e considerados,
sintonizados
em frequencia nenhuma.

Ligados aos pedaços,
apressam o passo,
APRUMAM!

O tom que entoam
arremete à Comuna,
acumulada, atada à Coluna.

Mas quem diria?
A diferença os UNE!
Transforma-los iguais!

Em sincronia,
desorientam,
o tino dos demais.

O que ressoa
e os persuade
é o senso a se assumir.

Só se arrazoa
sobre rasuras
amealhadas cada vez mais.

Mas a maçada os arrefece,
faz a crise causar
caracóis em seu seio.

Conto-lhe m'a versão:
foi que indiquei o dedo
n'afronta ao arremedo
e à próxima direção.

Só que acataram
ao medo,
uns, só por meu gosto
azedo.

Mas nossa IRA,
insta ingerida
não nos dá saída,
faz da dor RAZÃO.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ilusões Artificiosas


O céu não muda, como os fatos,
são as nuvens que lhe cegam,
elas se movem como os astros,
o céu é, diversamente, o mesmo.

Pela chuva, anseia o seu olfato,
mas as nuvens ali foram postas
para dissimularem um dilúvio
e lhe enviarem os ares da demora.

Fantasias desfalecem suas folhas
não há flores, ramos, não há frutos.
Só há a antiga amiga espera...
em seus soltos olhos, anuviada.

Se há desrespeito em minha fala
ofende-nos mais é quem se cala.
Ante a cada doce que se consome,
amarga-se, um tanto mais, a fome.

A vida é curta.
A morte é certa.
Pois seja em luta
franca e aberta.

sábado, 4 de agosto de 2012

rebelde nATO


Minha rebeldia incorrigível
não se põe à mesa, por breaco.
Me faz enlutado como um vil
alarmista, por saber meu fraco.

O argumento de que a vida 
vale a pena só pela corrida, 
nada plena, tece enrascadas
nos buracos. Adotadas as toadas,

 sua lida, derivada de invento,
torna as circunstâncias em tormento
e lhe amarga nas lamúrias do fracasso.

Por operetas pátrias em que me susTento,
nas sílabas que sibilo, o meu intento 
é ATEAR as minhas chamas no Espaço.

*foto de Beto Strumpf

terça-feira, 17 de julho de 2012

ALeTERa

a lETra ALTERa
a TERra
que se tem
na RÉta

o tERMO
enTuMece o
ATORmento

tORNAM
o tATO um
tanto tORTO

com SENtidos
tolOS nOS
tEUS
PENSAmentos

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Forjado na Bigorna


Põe teus pistões pra bater!
Põe teu metal pra suar!
Põe teus pneus pra correr,
meu coração pra pulsar.

O sangue em teu tanque treme
sob o olhar a te admirar
e, ao teu ranger, teme
o estrondo entoado no ar.

Com ímpeto, forje o vigor
em forte ferro e calor
e nada me faz desmontar.

Se a fêmea fora feita de lata,
seu batucar em aço arrebata
meu peito pronto a'prontar.

segunda-feira, 19 de março de 2012

no cAsco do aCaso


Caso faça prece para o acaso,
quiçá, possa, em pronto prazo,
praticar os ofícios do pecado
e tornar-se, ternamente, abençoado.

Ainda que temido pelo atraso,
o seu porvir pede o arraso
a desbravar um sítio e, arroteado,
clarear caminho ignorado.

Deixe-se levar para dar azo
aos ventos violentos do descaso
e flutue em rumo enviesado.

Mergulhe fundo neste solo raso
para plantar sua semente em vaso
e florescer os frutos do passado.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

desCabido

Meu vinho sem cor
meu Licor
minha água insalubre.

Não rubro,
não subo mais os buracos,
não me atraco às cortinas.

Me tornei um Doutor.
Um eTerno amor
de viúvas vazias.

Só encontro calor
nas paredes pintadas
de angústia.

Sinto um nobre estupor
de me por
uma algema nas asas.

Gasolina na mente
e premente
uma nova saída.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Acabamento

Vai acabar. Tudo um dia vai acabar.
Vão dissecar meu corpo sem propósito,
vão confiscar todo e cada depósito
depois que tudo entre nós se acabar.

A solução arrumada é o problema:
se distanciar em hora oportuna
vai depreciar nota a nota a fortuna
guardada em moeda pequena.

Cada esforço ruma à eternidade
vai deslanchar em verdade
que não se pode mais negar

Os sinais de um fim à metade
e este sentimento amargo que invade
nos lembra que tudo vai, um dia, acabar.

sábado, 4 de setembro de 2010

bestia cupidissima*

twanight.org

O temPO é escasSO e o espaço, amplo.
O prAzo é lAço e enganCha o pampo**.
o bERRO é surdo sem algum alcance
para que o ouvido mudo do UniVerso dance.

GalanTeia a nebulosa em destTino infante,
ela traz, ao eterNO, um singuLar instante.
Cada transição TRAÇAda para que avance
é passo D.A.Do. em falso à fortuito lance.

aFerir ferIdas de um pleno plAno
levará o homem ao estado insano:
a narcose de saber um objeto nulo.

Na movimentação esTática, no engano,
toda TeoRia traz, na cura, um dano
enTOAdo na gargAnta que, porTanto, engulo.


* bestia cupidissima rerum novarum  - animal ansiosíssimo por coisas novas.
**Pampo - rebento tardio de cana de açucar: pampos de cana caiana (Dicionário UNESP do Português contemporâneo)


- Princípio poético da Teoria da Nulidade Teórica Ampla.