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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)
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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Casa de Apostas


Nesta reta final,
as equipas estão muito inconstantes,
os jogadores estão muito inconstantes
e os resultados são imprevisíveis.
Um gajo há de ganhar
qualquer coisa
pra saber o que fazes
Como ganhei de presente
a nuvem que me fez sentar
no banco de azulejos azuis e brancos
do outro lado da calçada,
na frente do coreto,
às margens do rio,
que assistiu passivamente
o escaldar dos nossos
últimos dois anos
As pombas
já quase bicam meus pés
por me pensarem morto,
um alimento inglório,
envenenado
de rancor e suor
E ainda penso nas sardas do seu rosto
que ainda me parecem constelações
de astros que fuzilam
o sentido do meu universo
E acima do Paralelo 38
tudo é receio
Já de volta à sacada
onde passo a maioria dos meus dias
De onde já não vislumbro
o semblante do mosteiro,
fábrica de frígidas,
tomo um cigarro
e o café
Já é outro dia,
já são outros tempos
O tempo tem outro clima
e outro, o mundo que vejo
Sentado
no alto da Rua da Alegria
na esquina da Couraça da Estrela
o frio caminha comigo
faz tremer as frias pernas
da estudante que passa
em seu traje negro
Já é outro sítio
Já é outro tempo

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

do chORO à fúRIA


O choque congestiona o fluxo sanguíneo.
A cabeça erguida entra em declínio.
As pernas tremem, não aguentam o peso.
O mundo desaba todo e o deixa preso.

Nos OlhOs, já se observa o desatino.
A face rubra paralisa sem destino.
A boca seca mostra-lo surpreso
e o ombro, de pronto, deixa de ser teso.

Escorre, pela cara, lágrima salgada
com o gosto, amargo, da mulher amada
e desce ríspida à travada glote.

Como um antídoto à honra humilhada,
retorna do estômago feita em cusparada
e o faz erguer em busca do que o esgote.