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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)
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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Cê Mente

O que tens
na mente
é o que te
metem
é o que te
mentem
T'aqui teu
sêmem
T'aqui tua
semente


sexta-feira, 26 de junho de 2015

ORDEM DE SERVIÇO


Pelo poder afanado, conforme nascimento nunca questionado, ímpeto reconhecido, disposição acentuada. Consoante prenúncio anteriormente censurado, verbo silenciado, palavra engolida; no uso das atribuições nunca conferidas,

     CONSIDERANDO que as pegadas não duram mais que meia hora na areia; que as ondas vêm umas atrás das outras; que o sol seca a chuva;

    CONSIDERANDO que as conchas não decidem quem as pisam ou as prezam; que os tatuís servem de isca; que o robalo vira porção;

    CONSIDERANDO que os rios vertem-se por curvas tortas; que as águas esquentam com os meses; que as cachoeiras secam;

     CONSIDERANDO quando não há mais luz, chovem vagalumes; que o escuro não silencia o barulho; que os olhos se turvam;

     CONSIDERANDO que as ancas encantam os passos e o pescoço segue o trajeto; que o rumo não cessa a ruína; que há tanto desmazelo;

    DETERMINA-SE posição firme perante a vida; que as atitudes sejam de fato; que as palavras não sejam em vão.

Registrada; Publicada; CUMPRA-SE.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Vai Vendo

Já tá na veia
nos envolvendo
Todo conhecimento
num estalo
do dedo
de qualquer sujeito
A tábua do consenso
do consentimento
de um só pensamento
No Conselho
do outro lado
do Planeta
há quem prometa
um encontro
entre um polo
e outro
O clima
já muda tanto
com o vento
Tem corrente
imponente
em todo canto
Um só mandamento
invade e arrebenta
num tom violento
uma causa
O espaço
do seu sofrimento
se encerra
Põe pra dentro
a fera
e o seu ferimento
em terra


domingo, 25 de janeiro de 2015

Tá daNado


Venha!
Atravesse o rio a nado
A noite,
com perigo ao lado.

Vamo,
tem cerveja e cigarro
Pula!
Não dá esparro.

Anda,
até aqui é raso.
Bóia,
não derrama o vaso.

Corre!
Tem alguma coisa aqui.
Cala,
já é mais que noite.

Ufa!
Já tamo na trilha.
Veja,
o pirilampo alumia.

Para,
onde é o caminho?
Pensa,
qual é o destino?

Vai,
já vamo chegar.
Pisa,
olha a lua lá.

Eba!
olha quanta areia.
Oba!
o mar incendeia.

Olha,
o sol vai nascer.
Sente
o calor em você.

Cara,
não vou esquecer
isso
nem quando morrer.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Pingo ou Pau

Se passa o correntão
e tomba o tronco,
não cai o pingo,
não junta nuvens.
Atrapalha o sistema
e retorna o sintoma,
lhe seca o seio.

Qualquer que seja atitude
tem magnitude
altera o trânsito dos dados
põe-se a injuriar reflexos
torna o meio mexido,
qualquer química aquecida
por um comportamento enriquecido.

A modificação por meio agressivo
provoca pânico progressivo
se desequilibra as medidas
que lhes conformam acolhidos
sob condições contidas.
Uma distensão desaparecida
em mundos inimagináveis.

Seus atos sendo comedidos
ajustam todos os sentidos
ao tempo de outros mecanismos
em cadenciada sincronia.
Assim, outros seres vivos
e demais componentes químicos
marcham em conjunta harmonia.

domingo, 28 de setembro de 2014

domingo, 11 de maio de 2014

As Mães Nunca São Sinceras


Sem pesar defeitos,
todos eles,
acima disso,
o Amor
por Você.

Belo ou feio,
será Belo,
um ser supremo,
já que feito
pra Vencer.

Ouvido atento
para não dizer
o que, no momento,
possa parecer
tormento.

Um jeito simples
tenta pôr no eixo
o que nem um beijo
conseguiu
fazer.

As suas mentiras
são por ter
na mira
alguém pra
proteger.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

vivus voco

Sem razão para crer
nas invenções por aí,
sem sermão sequer
posta-se para iludir.

Comporta-se para conter
preceitos ao incutir
o que julga seu ser
lançar-se como elixir.

Mas, sem solução, se ferra
crente como seus pares.
Perde o duelo e a guerra
lhe faz atrasar hectares.

A razão finca raízes na terra,
a crença joga suas folhas nos ares.
Quando seu vôo se encerra,
deitam no solo os azares.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Contradito


Nada é como esperamos.
Ao pedir paz, brigamos.
Ao brigar, reconciliamos.
Ao querer comer, inflamos
e ao chorar, secamos.
Assim que somos, sumimos.
Se quisermos sumir, assumimos.
Ao se limpar, suínos.
Pra não acontecer
é só imaginar.
Se quiser lembrar, esqueço.
O que tem nos pés, cabeça.
O que tem nas mãos, engessa.
Para fugir sem pressa
pare de roer a mesa.
Para almoçar, a sobremesa.
Ao desconstruir, firmeza.
Ao pesar, leveza.
O reencontro é a arte do desencontro.
Para unir, desate.
Para respirar, enfarte.
Para calar, se parta.
Se quiser ficar, reparta.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

As Cachoeiras do Santo Gabriel

Poesia e foto de Juliana Biscalquin


"Saúdo a todos, com ares de festa, com vinho de pupunha, com beijú e kiampira e um peixe bem muquiado. Envio meus sinais de fumaça de que retornei e quase intacta. Grata aos que vibraram. Entre piolhos já exterminados, queimaduras negligentemente cuidadas, picadas de origem anfibológica, vômitos e diarréias (sobre os quais seria dificil poetizar) sobrou ainda mais disposição para descobrir mundos novos, dentro e fora de mim. Katehe naka. Katehe xita. Estou de volta! Com os mesmos 20 e poucos anos e a bagagem um pouco mais pesada. "


São mais de cinco os mercenários, donos da cidadela
E mais de três os bêbados cristãos ordenados
Mais de nove os políticos endinheirados
São quarenta mil cento e trinta e sete¹ os explorados

São vinte e três as etnias
Imensuráveis as riquezas linguísticas
Que nas bocas opacas e oprimidas
Se convertem em palavras mínguas


O caos urbano
de um desregrado crescimento
Faz a ‘Bela’² continuar dormindo
De tanto acanhamento

Fome, dor, suicídio
Perspectiva, subjulgamento, omissão
51 é pra dar sentido
Ao que esfarinhou o coração

(O)Brigada Infantaria de Selva
Que à fronteira traz proteção
Pelo suor, pelo trabalho,
Colômbia!
Pelas promessas e prostituição

A mais indígena das cidades brasileiras
Tem Maria, tem Joana e Edivanson
São tukanos, barés, banivas-
-“Me chamo Cacique Henrique de Almeida³”

O xibé e o tabaco
Adiam o ronco do estômago, dolorido
Indigesta realidade manauara
Na minha barriga de branca bem alimentada

Observações:

¹ IBGE 2007

²"Bela Adormecida" - De São Gabriel da Cachoeira, avista-se a Serra de Curicuriari. Foi apelidada com o nome da fábula infantil por suas formas parecerem a de uma mulher deitada e dormindo.

³ Nomes reais, assim como os personagens do primeiro verso.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sinapses Relapsas


Ao permanecer o provisório.
Improviso ao irrisório.
Minhas sinapses relapsas.
São lapsos de aspas.

Assobio o sabe-se lá.
Sabido ressabiado.
Subo sobre a sílaba,
embebido no esnobado

Excluído da centrífuga,
movimento do momento,
na favela o Rap é fuga
pra causar constrangimento.

Não há cimento,
apenas intento no acento.
Quando perdem crescem mais.
Assintótico aos demais.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Completo Desconhecido


Por um tempo,
pouco tempo,
você vem indiferente,
com ares de distância e
com olhares de desejo arrogante
de quem nada alcança.


Com a frieza de um homem pedante
que vive na ilusão, de quarto em quarto buscando
a satisfação inquietante, vazia... iludido,

de nada...

Talvez de olhares falsos insinuantes diante...
De cada mundo escondido
por trás de cada rosto banido
Por camadas de vidro,
que te mostram um caminho,
talvez escolhido, talvez encoberto.


Pelo medo do próximo passo
sozinho.
Um completo desconhecido...
Jogado do sonho
sofrido.

Pela tristeza do agora não vivido
e do amanhã já passado
remoto...

Mais uma vez iludido, engolido pelo ego,
envelhecido de possibilidades passadas,
ultrapassadas, ultrajadas...
Ferido.


De novo e ainda o desconhecido.
Continua na luz baixa do quarto,também,
esquecido.

Alguém que clama pelo próximo
pedido, embaçado, indeciso,
sozinho...

Com a imensidão aos pés,
mas com o domínio impedido...
Trancado...


Encravado nos próprios sentidos
não sentidos.
Armado de tempo passado parado,
agora fechado.
Lacrado.

Impenetrável.
Inexistente.
Insaciável.
Apagado.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Eles não vão à Daslú

A sociedade foi feita por ricos.
E pros ricos ela foi desenhada.
Se um pobre não tiver muito afinco,
Vai viver pra sempre na merda.

Se quiséssemos distribuição igualitária,
Estabeleceríamos um teto de riqueza.
Mas quem for, na pobreza, um pária,
Terá milhões de reais em tristeza.

Ilhas, mansões, carrões, Daslú.
Fome, miséria e calor no talo.
Os pobres morrem como patos, incautos
Amarrados na escravidão dos contratos.

Seu Crime


O seu corpo é a imagem da perfeição.
Receio que minhas palavras não a descreverão
com a delicadeza merecida.

Seus ombros são os cabides dessa veste.
Os seus seios são doces taças de néctar.
A sua anca é suporte de um corpo delicado
e de nádegas arrebitadas.

Suas coxas claras escondem a beleza do seu sexo.
Seus pés macios parecem pisar nas nuvens.
A sua pele sedosa é cobertura sublime.

Eu sou
seu crime.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A beleza está


Algumas vezes, a beleza está
na miopia dos nossos olhos,
no grau alcólico do sangue,
ou na satisfação com a vida.

E, muitas vezes, a feiura está
no senso crítico aguçado,
na tristeza de um endiabrado,
e no ardor obrigatório da lida.

O Belo e o Feio estão na percepção
e,não, em sua concretude física.
Prova disso é o amor e a paixão!

Os sentimentos nascem com a música
e trazem alento ao feio que a compaixão
o transformará em belo numa mente lúdica.



*a doçura do ácido perpassa a materialidade do olfato

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

PirilimpimPLIN


Posso te dizer PirilimpimPlin,
fostes um grande irmão pra mim.
Eu queria te ter sempre do lado,
mas vais pra longe ser iluminado.

Tu amenizastes a dor da distância
das pessoas que amo de infância
e me deu ânimo para que agüente
árduas situações deste clima quente.

Vá logo, mas volte pra contar
o que aprendeu em tua missão
Volte para ser nosso avatar.

Tenhas contigo minha gratidão
e minha mente vai te acompanhar
em qualquer ponto da imensidão.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Rosa Viva



Poesia e foto de Juliana Biscalquin - http://www.20bonsepoucosanos.blogspot.com/


Vou deixar aroma até nos meus espinhos, rosa que sou...
Que o vento vá falando de mim, posto que é leve.
Quero perder-me para que não se esqueçam de mim
e viver intensa, mesmo que breve.

Vou desfolhar-me para não ter fim.
Pétala e pétala, por pétala que dance.
Sorrio leve para guerras em mim.
Prossigo mito, ainda que canse

Levo comigo ardor e procura,
altar e prece que me revele.
canto que nina, dor que me cura.
Excedo vida que sempre segue...


terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Vendedor de balas

Estão levando o pobre pro buraco.
As alternativas que ele encontrou
pra mandar 50 conto pro nordeste
é vida de esmoleiro em que investe.
..............
Vive os percalços violentos das vielas
e sofre a desconsideração de velhas.
Se passar pelo efeito de ser invisível
poderá acumular pertences no desnível.
.........
O carpinteiro quer montar sua vinícola
talvez voltar à exploração silvícola.
Só que, agora, anda na rua sem vacina.
............
Pede pra ser preso, pra ter vida boa
ou uma terra, que ninguém lhe doa,
que irá proteger com sua carabina!