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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Liberatura

Nem a noite
e nem o sonho
te fizeram dormir

Nem o medo
e nem o drama
te fizeram sumir

Nem o riso
e nem o choro
te fizeram mentir

Não foi um grito
nem um sussuro
que te fizeram ouvir

Não foi o jeito
nem foi o modo
com que mostraram pra ti

Nem mesmo o texto
nem mesmo a letra
fizeram, a ti, redigir

Não tem carinho
não tem carícia
que te mate o prazer

Nem mesmo o cheiro
nem mesmo o som
fazem teu corpo tremer

Não tem destino
não tem desejo
que lhe ponha um câncer

Tem só segredo
tem saudades
do que te fazes ferver

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Na bossa dos seus beiços

Na borda de um desfiladeiro
eu me seguro, eu me esgueiro.
Entranho nas raízes do seu medo
quando deito os sonhos ao seio.

Eu sei que já faz mais de mês e meio
que não procuro a sombra em seu cabelo,
mas tomo para mim sua água fresca
contando que se porte e se ofereça.

Orbita um mundo todo em sua boca
com gravidade forte, cê me provoca
à um mergulho em seu universo.

Só tenho apego mesmo ao seu pescoço
e giro em torno aos sons que oiço,
pois que em um doce beijo eu me desfaço.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

CrossCountry

Já cansado,
depois de andar pelo planalto rochoso
de sua canela
Subir aos trancos
sua patela
e atravessar em passos pantanosos
por sedas coxas
Exaurido,
depois de escorregar
pela bacia,
planar suavemente
em sua barriga,
vislumbrar a paisagem
dos seus seios
Maravilhado
pelos contornos do pescoço
a dureza detalhada
do seu queixo,
morrer em longo beijo
Depois de usar
o seu cabelo como corda,
deslizar por suas costas
e amaciar-se em sua bunda
Descobriu uma caverna
de prazeres
Tão detalhada
cheia de vieses
onde deitou seu corpo
em várias vezes

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

(b)Isca

De uma rocha magmática,
foram talhadas suas curvas,
arredondadas suas formas,
em exagerado preciosismo.

O vento aparou seus seios,
o rio formou seu lombo.
Há pólem em seus cílios,
raízes em seu cabelo.

Quando solta-se, alheia,
surge, de imediato, o veio
do metal mais nobre encontrado.

Canta como a sereia,
não mostra a que veio
e afoga o seu convidado.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Na Terra do SOU

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma
e eu, tanto faz!

Coisa que é
ou que não é
não importa mais
Importam os Uis
e não os Ais

Se porta um plus
um algo a mais,
porte-se blues
ou parta um jazz

Nos tons de azul
ou de lilás
teu corpo é cool
é habitat

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma
e eu, tanto faz!

Se é rock'n'roll
e quer demais
perde um amor
por outros mais

Pode não ser 
o que deseja
mas tem tesão
e brotoeja

Se é bossa nova
ou se não é
só cabe a si
sambar

Coisa que é
ou que não é
não importa mais
Importam os Uis
e não os Ais

Toca seu groove
com entonação
e há quem ouça
samba canção

Suas artimanhas
só vão saber
os que forem
ao menos hipster

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma.
Eu, tanto faz!

domingo, 25 de janeiro de 2015

Tá daNado


Venha!
Atravesse o rio a nado
A noite,
com perigo ao lado.

Vamo,
tem cerveja e cigarro
Pula!
Não dá esparro.

Anda,
até aqui é raso.
Bóia,
não derrama o vaso.

Corre!
Tem alguma coisa aqui.
Cala,
já é mais que noite.

Ufa!
Já tamo na trilha.
Veja,
o pirilampo alumia.

Para,
onde é o caminho?
Pensa,
qual é o destino?

Vai,
já vamo chegar.
Pisa,
olha a lua lá.

Eba!
olha quanta areia.
Oba!
o mar incendeia.

Olha,
o sol vai nascer.
Sente
o calor em você.

Cara,
não vou esquecer
isso
nem quando morrer.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Há Mais de Meia Década

Até hoje sinto aquele beijo.
Tão curto tempo que até hoje dura.
Não ter tido outro me deixou sem jeito
de lhe olhar de novo sem ser receoso.

Sinto por você, amor sem igual
quero só lhe ver feliz mesmo que ao final
nunca viva junto aos seus carinhos.
Me contento em saber dos seus caminhos.

Estes dias mostram o que guardei por anos,
os seus ventos, suas brisas, ou seus encantos
que me ensinam a me tornar mais leve
não destruir meus sonhos, que me encontram.

Sem os seus defeitos, não se faz possível,
mas não os noto além do invisível
porque são nuances de sua bela forma,
dão caráter ao ideal que me conforta.

Não destrua meus sonhos e não me deixe perdido,
pois lhe quero tanto que não lhe quero mal.
Se não quiser mais o que você já tem,
levante a cabeça, me diga nos olhos.

Eu que não quisera ninguém ao lado
quero você quando precisar de mim.
Quero envelhecer consigo, juntos.
É o que há de mais profundo aqui.

Vai ter que procurar em Marrakech,
Lisboa, Moçambique ou Paquistão
Mas devo estar em Poços, então
Topa morar comigo em qualquer canto.

Sinto cada letrinha digitada no teclado
pra desfazer o caos deste seu vendaval,
seus maremotos que engolem, incontrolados,
os meus vulcões a lhe lavarem o mal.

Deixa o mundo dar seus passos soltos
e um dia vamos pisar a mesma pegada.
Daí levante, pronto, a sua cabeça,
olhe meus olhos e diga se não digita.

Tenho sofrido muito nessa vida
e o único que não posso suportar
são as palavras do seu sofrimento
no mais, tudo pode me atrapalhar.

Não preciso de alianças para o amor
que me faz gaguejar, que me lacrimeja,
que me faz estar ai, estando aqui,
me faz querer viver só pra lhe ver.

Eu tenho a cabeça enterrada nas nuvens,
mas aceito que bote meus pés no chão.
Se se aventurar em minhas ilusões,
pés no chão, nós nas nuvens, não terá trovões.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

INTIMAÇÃO

Ama-me como a TI
Além dos Limites
e imite o Mito
em que te Meti.

Tu tens o que Prometi,
todos os meus Horizontes
e após Partir
Persistes!

Meu Time atua por Ti
se tens Tons Tristes
para me aTingir.

Pinte-me com tuas Pintas
Pratique-me
ou não posso Existir!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Como Pedra


Deitado sobre a pedra,
abraçado a ela,
incorporado.

Manchado como ela.
Uma mancha nela,
um pedaço.

Duro como a pedra,
esparramado nela,
amolecido.

Parado como a pedra,
compassivo com ela,
emparedado.

Redondo como a pedra,
talhado por ela,
amealhado.

terça-feira, 8 de julho de 2014

respiro


Qualquer esperança pra quem não tenha fé,
pra quem coloca o coração no pé.
Qualquer chute desferido pela defesa,
um ato de terror, cometido sem gentileza.

Qualquer sopro, se alguém tiver pulmão,
um respiro na clausura em que vive então.
Qualquer luz vence essa escuridão,
talvez se veja, caso haja, algo de bom.

Qualquer jeito a se dar na desilusão,
qualquer riso entoado ante a multidão
e uma centelha nos faz reviver.

Qualquer vitória sob violação,
qualquer grito árido para a geração
de um novo ritmo para sobreviver.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

consTiTua


me entrosei na panamericana,
após atravessad'os oceanos.
Em ritmo ordenado pela gana,
transitei em torno aos seus enganos.

Ao lhe trilhar em todos os sentidos
fui transformado em parte, aos prantos.
E, caso impeça tal canibalismo,
já vai estar exposta aos danos.

Qual seja o ideário adotado:
fuja ou fique em suporte,
vai ser um código encadeado.

Nos dígitos que nos dão direção,
sou linha avessa à razão
escrita sem ter resultado.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

não ao não


Nenhuma norma anula a Natureza,
enervada em nômades humanos.
O nato entona em defesa
os nomes destinados dos seus manos.

Anunciad'o ânimo e nobreza,
nutre-se o ensino dos enganos,
nega-se o alcance da certeza,
arruinando o plano dos decanos.

A uma única tônica os condena.
Destina o seu sangue à gangrena.
Emana as notas do final.

Reclama os danos d'uma pena
e trama pra tornar eterna
a sua sina em ser vegetal.



quinta-feira, 25 de julho de 2013

vivus voco

Sem razão para crer
nas invenções por aí,
sem sermão sequer
posta-se para iludir.

Comporta-se para conter
preceitos ao incutir
o que julga seu ser
lançar-se como elixir.

Mas, sem solução, se ferra
crente como seus pares.
Perde o duelo e a guerra
lhe faz atrasar hectares.

A razão finca raízes na terra,
a crença joga suas folhas nos ares.
Quando seu vôo se encerra,
deitam no solo os azares.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Fremem

A palavra surge
sem causar espanto,
mas a frase inteira
traz estranhamento.

Outro trecho dito
traz um disparate
e os ouvidos mudos
calam-te.

O discurso segue
e os olhares tortos
tornam rubra a face.

Pelo fim dos versos,
num só solilóquio,
violentam-se.


domingo, 17 de fevereiro de 2013

aPáLavra

a palavra
repetida
muitas vezes
tem o seu
sentido
suprimido
suprimi
supre

a palavra
tem no seu
sentido
algo
por ter sido
repetiDA
repetIDA
repeTIDA

a palavra
sem ser
dita
teme ter
a sua letra
esquecida
e qu  ci  a
   q    c   a

rePETida
a palavra
su.........
a palavra

a pa lavra
a pa la vra
a p a l a v r a

domingo, 9 de dezembro de 2012

Tais e Quais

Os PAIS
portam-se
tais e quais
os seus ANCESTRAIS
noutro lugar.

E MAIS,
tanto faz
se após ou atrás,
só endossam
os dEMAIS.

Bem perto
do CAIS,
seguram,
em PAZ,
sua prole.

Só seguem
RAIZ
rumo ao rito
onde quis
um FIM.

Os FILHOS
falham na diretriz
de entortarem
as TRAMAS
traçadas.

Postam-se
filhos e pais
como seus ancestrais
noutro TEMPO
e LUGAR.

sábado, 1 de dezembro de 2012

+QimperFeito

Sem coragem de dizer,
de assumir vontades,
as mais íntimas
guardadas no seio,
com medo e vergonha.

Por ser tão duro dar,
a quem mais quis,
o que menos queria,
ter de deixar
silentes os gritos.

Oa abraços não dados,
os beijos suprimidos,
os suspiros,
agora, resquícios
do que não fomos.

Após nos reinventar,
tirar-nos defeitos
e nos preparar,
esquecer-nos
sem leito.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ilusões Artificiosas


O céu não muda, como os fatos,
são as nuvens que lhe cegam,
elas se movem como os astros,
o céu é, diversamente, o mesmo.

Pela chuva, anseia o seu olfato,
mas as nuvens ali foram postas
para dissimularem um dilúvio
e lhe enviarem os ares da demora.

Fantasias desfalecem suas folhas
não há flores, ramos, não há frutos.
Só há a antiga amiga espera...
em seus soltos olhos, anuviada.

Se há desrespeito em minha fala
ofende-nos mais é quem se cala.
Ante a cada doce que se consome,
amarga-se, um tanto mais, a fome.

A vida é curta.
A morte é certa.
Pois seja em luta
franca e aberta.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Forjado na Bigorna


Põe teus pistões pra bater!
Põe teu metal pra suar!
Põe teus pneus pra correr,
meu coração pra pulsar.

O sangue em teu tanque treme
sob o olhar a te admirar
e, ao teu ranger, teme
o estrondo entoado no ar.

Com ímpeto, forje o vigor
em forte ferro e calor
e nada me faz desmontar.

Se a fêmea fora feita de lata,
seu batucar em aço arrebata
meu peito pronto a'prontar.