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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)
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sábado, 13 de junho de 2015

Além do Tempo


O que você é?
Além do tempo
que confeccionou
seu sentido?
Se lhe por ao relento
qual será seu caminho?
sua disposição
O seu pensamento
é passado
Tem-se notado
o seu movimento
encantado
em outra opinião
Anda lado a lado
à ilusão dos seus passos
ante a imensidão
Os seus rumos errados
foram tomados
por pura indução
Se não tiver notado
seu aterramento
foi amarrado no vento
Pode até arrumar
um invento
pra sobreviver

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

(b)Isca

De uma rocha magmática,
foram talhadas suas curvas,
arredondadas suas formas,
em exagerado preciosismo.

O vento aparou seus seios,
o rio formou seu lombo.
Há pólem em seus cílios,
raízes em seu cabelo.

Quando solta-se, alheia,
surge, de imediato, o veio
do metal mais nobre encontrado.

Canta como a sereia,
não mostra a que veio
e afoga o seu convidado.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Na Terra do SOU

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma
e eu, tanto faz!

Coisa que é
ou que não é
não importa mais
Importam os Uis
e não os Ais

Se porta um plus
um algo a mais,
porte-se blues
ou parta um jazz

Nos tons de azul
ou de lilás
teu corpo é cool
é habitat

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma
e eu, tanto faz!

Se é rock'n'roll
e quer demais
perde um amor
por outros mais

Pode não ser 
o que deseja
mas tem tesão
e brotoeja

Se é bossa nova
ou se não é
só cabe a si
sambar

Coisa que é
ou que não é
não importa mais
Importam os Uis
e não os Ais

Toca seu groove
com entonação
e há quem ouça
samba canção

Suas artimanhas
só vão saber
os que forem
ao menos hipster

Dizem que sou
isso ou aquilo
aquilo outro
e aquilo mais
Um'outra coisa
coisa nenhuma.
Eu, tanto faz!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Há Mais de Meia Década

Até hoje sinto aquele beijo.
Tão curto tempo que até hoje dura.
Não ter tido outro me deixou sem jeito
de lhe olhar de novo sem ser receoso.

Sinto por você, amor sem igual
quero só lhe ver feliz mesmo que ao final
nunca viva junto aos seus carinhos.
Me contento em saber dos seus caminhos.

Estes dias mostram o que guardei por anos,
os seus ventos, suas brisas, ou seus encantos
que me ensinam a me tornar mais leve
não destruir meus sonhos, que me encontram.

Sem os seus defeitos, não se faz possível,
mas não os noto além do invisível
porque são nuances de sua bela forma,
dão caráter ao ideal que me conforta.

Não destrua meus sonhos e não me deixe perdido,
pois lhe quero tanto que não lhe quero mal.
Se não quiser mais o que você já tem,
levante a cabeça, me diga nos olhos.

Eu que não quisera ninguém ao lado
quero você quando precisar de mim.
Quero envelhecer consigo, juntos.
É o que há de mais profundo aqui.

Vai ter que procurar em Marrakech,
Lisboa, Moçambique ou Paquistão
Mas devo estar em Poços, então
Topa morar comigo em qualquer canto.

Sinto cada letrinha digitada no teclado
pra desfazer o caos deste seu vendaval,
seus maremotos que engolem, incontrolados,
os meus vulcões a lhe lavarem o mal.

Deixa o mundo dar seus passos soltos
e um dia vamos pisar a mesma pegada.
Daí levante, pronto, a sua cabeça,
olhe meus olhos e diga se não digita.

Tenho sofrido muito nessa vida
e o único que não posso suportar
são as palavras do seu sofrimento
no mais, tudo pode me atrapalhar.

Não preciso de alianças para o amor
que me faz gaguejar, que me lacrimeja,
que me faz estar ai, estando aqui,
me faz querer viver só pra lhe ver.

Eu tenho a cabeça enterrada nas nuvens,
mas aceito que bote meus pés no chão.
Se se aventurar em minhas ilusões,
pés no chão, nós nas nuvens, não terá trovões.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

INTIMAÇÃO

Ama-me como a TI
Além dos Limites
e imite o Mito
em que te Meti.

Tu tens o que Prometi,
todos os meus Horizontes
e após Partir
Persistes!

Meu Time atua por Ti
se tens Tons Tristes
para me aTingir.

Pinte-me com tuas Pintas
Pratique-me
ou não posso Existir!

Devenir

O que mais me importa
não são portentosas potências,
calorosas cadências,
a razão de existir.

O que mais me toca
não são sutis diferenças,
abismais semelhanças,
as condições impostas.

O que mais me move
não são senis pensamentos,
profundos comportamentos,
a gana em questionar.

O que mais me incomoda
não são vãs violências,
vorazes demências,
desejar devir.

O que me ceifa agora
é ver tudo afora,
não ter outra escolha,
ter que digerir.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Engenho


Por onde anda o tempo
em que me perdi?
O tempo passado,
sem estar aqui.

Por onde anda o tempo
dos meus anos?
O tempo vivido
sem encanto.

Por onde anda o tempo
do sonho roubado?
O tempo acabado
em sono profundo.

Por onde anda o tempo?
Por onde anda a vida?
Por onde ando eu,
perdido, sem rumo.

Por onde anda o tempo
das ondas viradas?
O tempo das pedras,
dos passos pisados.

Por onde anda o tempo
que me enrugou?
O tempo que leva
o que me sobrou.

Por onde anda o tempo
dos ventos soprados?
O tempo esquecido,
nunca mais lembrado.

Por onde anda o tempo?
Por onde anda a vida.
Pra onde √ai querida,
me leve daqui!

Refúgio


Fujo da opressão, dos prédios, por sacrilégio, das ruas cheias, das pessoas rasas.

Fujo de mim mesmo, do que fui, do que pretendia ser. Das obrigações mundanas, do tédio. Do aluguel do corpo, das contas a prestar.

Fujo das remessas rotineiras de afeto sem traquejo, sem beijo.

Fujo do passado, malogrado. Das histórias infindadas, dos abraços sem pegada.

Fujo das conversas com caminho traçado, com resultado.

Fujo de filosofias saturadas, de cartas marcadas, onde não se pode inovar.

Fujo de um mundo sem pecado, desvairado, onde só se pode acertar. Dos comportamentos marcados, ritmados, rotulados pra pagar.

Fujo de um povo apavorado, que tem tudo, mas insiste em negar.

Fujo para a praia do rescaldo, do meu lado, onde Ser é estar.

terça-feira, 8 de julho de 2014

respiro


Qualquer esperança pra quem não tenha fé,
pra quem coloca o coração no pé.
Qualquer chute desferido pela defesa,
um ato de terror, cometido sem gentileza.

Qualquer sopro, se alguém tiver pulmão,
um respiro na clausura em que vive então.
Qualquer luz vence essa escuridão,
talvez se veja, caso haja, algo de bom.

Qualquer jeito a se dar na desilusão,
qualquer riso entoado ante a multidão
e uma centelha nos faz reviver.

Qualquer vitória sob violação,
qualquer grito árido para a geração
de um novo ritmo para sobreviver.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

És Tudo


Tem mais cuidado consigo
por apostar no destino,
pois sobrevive ao perigo
tão grande, por ser pequenino.

Controla o passo e o caminho, 
contorna o andor e, cedinho,
levanta o ânimo e seu tino
alarga o que, ainda, for fino.

Não rói mais sua unha,
convence a pedra a virar pluma.
Denomina o seu dono!

Corre por seu propósito
e por estar tão disposto
faz na vida o que faz no sono.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Testigo


Juro dizer
nada mais que a verdade
a que sempre me rege,
somente a verdade,
amem!

Prometo, por honra,
ser feita a nossa vontade
nas funções a mim confiadas
na terra ou no céu
também!

Garanto agora
e na hora de nossa morte
agir com probidade,
assim, entre as mulheres,
mamem!

Comprometo-me a perdoar
a quem tenha ofendido,
para a convivência humana,
buscando a paz,
além!

Prometo, por fim,
defender a Liberdade.
Eia, pois, advogada nossa,
já que a ti me confio,
amém!

terça-feira, 2 de julho de 2013

Fremem

A palavra surge
sem causar espanto,
mas a frase inteira
traz estranhamento.

Outro trecho dito
traz um disparate
e os ouvidos mudos
calam-te.

O discurso segue
e os olhares tortos
tornam rubra a face.

Pelo fim dos versos,
num só solilóquio,
violentam-se.


sábado, 1 de dezembro de 2012

perdiDAMEnte enDiaBrado


Dentro de mim, o magma que aguarda
muda, constante, as chamas desta farda.
Nos olhos, mostra-se o lume esperado
e o som retumba os ares do meu brado.

O sangue ferve diante do fulgor da lava
e me derrete a paciência que pairava
para a corrente incontinente do torpor
a despejar, em fogo afora, o interior.

Capaz de reformar as redondezas
e apagar para criar novas belezas,
devasta as velhas vias do passado.

Cinzas anunciam em sutilezas,
cingidas pelas muitas miudezas,
 um SER refeito por realizado.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ARU barÉ


arraste em seus raivosos rios
os desarranjos dos meus desafios
e o rumo que tomar seu ramo
carregará o cancro do meu crânio.

areje os rastros do que irradio.
rarefaça a força do meu frio.
extraia os traços tortos do engano
em extrato torpe atado por tirano.

odorize as dores e os delírios
não darão direito aos desavisos
destinados a torcerem o trato.

atine-me para que os meus brios
trajem-se de seu aroma e guie-los
a sorverem o seu cenário, estupefato.

*foto de Artur Cesar

sábado, 4 de agosto de 2012

rebelde nATO


Minha rebeldia incorrigível
não se põe à mesa, por breaco.
Me faz enlutado como um vil
alarmista, por saber meu fraco.

O argumento de que a vida 
vale a pena só pela corrida, 
nada plena, tece enrascadas
nos buracos. Adotadas as toadas,

 sua lida, derivada de invento,
torna as circunstâncias em tormento
e lhe amarga nas lamúrias do fracasso.

Por operetas pátrias em que me susTento,
nas sílabas que sibilo, o meu intento 
é ATEAR as minhas chamas no Espaço.

*foto de Beto Strumpf

domingo, 3 de junho de 2012

reDoBrado malungo


Voltaram à sincronia, os meus impulsos,
por tempos, afogados em soluços.
E, agora, um corpo cheio de vigor
desponta a reDobrar o que repor.

O passo apressado me expressa,
pronto a apresentar-me à Peça
para ATEAr chamas no unânime
consenso aceito só por pusilânime.

InTento enTornar tumulto em caos,
ir da platéia ao Pal`com paus
armado com medonhos motes.

Toda a ira, em mim, verte-se aos
Pares que BEM saBEM os maus
preceitos imputados com chicotes.

terça-feira, 22 de maio de 2012

CONTRA tudo e todos



diAnte à soLapada e suCUmbida SOciedade
SÓ rESTA o POsto inglóRIO, a inSANIDADE,
pra comBater, nos atos, o HÁbito TIRAno
vincuLado, em pleno erro, ao SER huMano.

HUMANO é SER você em conJUNTO
e não, SOmente, abSORVER o ASSunto
DITAdo, repetidas vezes, no ouvido.
de um ser, de SI, há TEMpos, tolhido.

Por isSo, só lutar é ViVer!
Por isSo, só estar é morrer!
E tudo mais são enGODos.

RESta enLutar-Se e atreVer.
Lhe rESta o chOro ou VOLver
a si CONTRA tudo e todos.

sábado, 5 de maio de 2012

bEla iNOmiNADA

Um só olhar teu me fez cair
em precipitação para o devir
de acolher-te, forte, aos braços meus
para tornar-me eterno semideus.

Num corredor opaco por impuro,
 o teu leve caminhar apuro
a por meu senso estremecido
e a mim, inteiro, embevecido.

Mesmo sem nome ou palavra,
afirmo formar farta lavra
dos mais belos fatos, juntos.

Tua explosiva fronte me enfarta
a ponto de te suplicar, em ata,
que o teu olhar permita os meus assuntos.



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Forjado na Bigorna


Põe teus pistões pra bater!
Põe teu metal pra suar!
Põe teus pneus pra correr,
meu coração pra pulsar.

O sangue em teu tanque treme
sob o olhar a te admirar
e, ao teu ranger, teme
o estrondo entoado no ar.

Com ímpeto, forje o vigor
em forte ferro e calor
e nada me faz desmontar.

Se a fêmea fora feita de lata,
seu batucar em aço arrebata
meu peito pronto a'prontar.