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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Amor preciso

Eu preciso de amor
eu preciso de carinho
eu preciso de você do meu ladinho

Eu quero te dizer
que o EU em minha boca
é você que vai fazer
è você que a deixa louca

E que não SOU sem você
que sem você já me fui
Vem me fazer perecer
Eu sou o que me atribui

Eu preciso de amor
Eu preciso de carinho
eu preciso de você do meu ladinho

Eu procuro você, meu amor
e sua ausência traz dor
aos meus sentimentos rachados
que buscam ser encontrados

Preciso do seu amor
Preciso do seu carinho
Preciso você do ladinho

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

ParaLamentares do Sucesso

Vossa Excrescência, peço-lhe a palavra
para expressar, nesse recinto, uma petição:
vamos estimar a extinção das larvas
que se movem ferozmente na corrupção

nosso povo, infiel, a que represento,
mudou, de novo, sua posição
agora, querem lhe fazer presunto
uma carne de sucesso na alimentação

estão, todos, gastos de seus parasitas,
sanguessugas que lhes secaram a veia.
Querem devorá-los com batatas fritas
 e matar quem não lhes presenteia.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Ferrugem

Salpicaram um tempero especial,
Era um dia claro na Central.
E eu era claro em sua clareza
e a fiz inteira em minha beleza.

Não havia fardas em suas sardas,
que retiraram as emoções amargas.
Você foi o meu melhor gosto, mosto
mesmo que dissesse o oposto.

Tenho certeza do que você dizia
com seus olhares em demasia.
E os seus sorrisos me confirmaram
as intenções que as frases negaram.

Minha pimenta se dissolveu assim
e tenho de buscar no Piauí,
para poder a reencontrar
e os meus gostos poder resgatar.

Isadora das Dores

Adoro domar suas dores
e esfriar seus calores,
pois, penso em horrores
quando não vejo suas cores

Mostre-me suas cores
Isadora das Dores
Deixa dorar sua luz
Ela me adora e conduz

Quero poder lhe encontrar,
nos sonhos, em qualquer lugar,
pois, algo há de perpetuar

Mesmo longe de perpétuo
assinarei um decreto
para poder lhe adorar.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Vila Violada

Era uma vila muito engraçada,
não tinha esgoto, não tinha água
Ninguém podia se comunicar,
Porque internet não tinha lá.

Todos ardiam em suas contas,
mas não teriam ao final das pontas
infra-estrutura pra sobreviver
nem um livro massa pra poder ler

As suas calçadas, esburacadas
não os deixavam parar na estrada
Se poluiram com um palavrão
e enterraram a interação

E essa Vila não tem cultura,
identidade em suas ranhuras.
Mas quem visita quer entender
como é que pode permanecer.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Reluzia (O Sombrio e o Brilho)



Só eram sombras quando surgia
Sorvia os feixes da serventia
Se não houvesse, se dava o eclipse
Sua ausência soava a apocalipse

Só eram sombras quando surgia
Vinha a Lúcia e a luz vinha
Ia a Lúcia e a luz ia

Assim que incidia sua postura
De satélite atônito em sua tontura
Refletia um flerte que flutua
E a sombra inerte tornava-se tua

Só eram sombras sem energia
E de importância as preenchia
Ao despontar sua sinergia
E colidir com o meio-dia

Só eram sombras e surgia
Vinha a Lúcia e a luz vinha
Ia a Lúcia
E não mais reluzia

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Quebra-Concerto

O questionário constante
De seguir para o lado certo
O errado delirante
Quando eu só queria ir reto.
Donde surgiu tal invenção
Que desvirtua a realidade
Efeitos da criação
Com os sintomas da dubialidade.
Como podem inventar o certo
E me obrigarem a prosseguir
Talvez nem chegue perto
Por não querer admitir
Com a questão em entreaberto
Qual seja o canto entoado
O errado eu não conserto
O certo já ta enterrado.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Arsênico – grande palco

Moreno Bastos

[aurora sagaz]

{coro}E esse medo constante de ser
E essa guerra a®mada de ter
E essa sina cansada de ver
E esse espelho chamado poder
[morro]
{narrador}Ele não tem a resposta a saber
[porta]
{fulano} Ele é só um funcionário, um peão da armação.
Um artista barulhento embaralha a razão.
{beltrana} O faz de conta é lá fora; não esqueçam a piedade,
aqui dentro todos são, em princípio, unidade. Já no chão,
eu não sei não, vai no rastro da maldade, a utopia é logo ali,
chamam lá de liberdade.
[abismo]
{sicrana} Ascender o delirante, o desenredo da história.
Vejo no meu semelhante, o desapego pela glória.
O que importa é o fascinante, o destempero ruminante dos
distintos re(i)lutantes nos castelos da demora.
[pedras]
{coro} E esse ter constante de guerra
E esse ser a®mado de medo
E esse poder cansado de espelho
E esse ver chamado de sina
[reticências]

{legendas}
Não é o fim, nem é doutrina,
continua mais pra frente, já na próxima esquina...

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Contrarrio

Não acha estranho?

Estar sempre antenado

Sem saber o que ganho

Por repetir o passado

Como posso aglutinar

Idéia tão complicada

Sem sequer questionar

Com a visão limitada.

Por isso, contrario e rio

Quando não provam a favor.

Para as respostas que crio

A contraprova é o torpor.

Do atributo não fujo

O fardo de nascença

Ou viro um caramujo,

Ou mantenho a sobrevivência.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

O Teimoso e o Persistente

Era um dia tranqüilo,
Que tudo certo havia de dar,
Mas eis que surge um grilo
Que persiste em atrapalhar
O Persistente, com toda pompa e razão
Conta reticentemente,
Uma história de proporção
O Teimoso, sem acreditar
Mostra-se receoso,
E começa a indagar...
No percorrer da dissolução
Mais dúvidas são levantadas
Quem se perde é a razão
Quem se encontra é a confusão
Buscar a resolução,
Idéia do Persistente.
Teimoso aceita então
Com acordo pré-existente
O busílis é atingido
Quando estão a se complicar,
Com problema dissolvido
Terminam sem concordar.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

FórmulAção

Conforme minha inconformação
não me conformo com a formalidade
não formo com a forma,
com a norma disforme
 
As formas firmes não firmarão
com as formas fortes não formarão
transformarão a forma uniforme
e ficará a fome de informação
 
Sem forma, me formo
sem molde, me moldo
a figura disforme da inconformação
 
fomento a reforma
e fujo da forma
informo conforme minha formação

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Descrito

Moreno Bastos

Escrevo para ti em forma de desejo
Pra ti, começo com beijo no umbigo
Estapeio-lhe com mãos em brasa
Me lambuzo em teu cheiro e rastejo

Fecho meus olhos escuros para te seguir
Esqueço de palavras, a música que sobrevoa
Envaideço com tua língua em meu ouvido
Unhas riscam as costas, lhe escuto exaurir


Roço sua face, te enlaço, te faço vicejar
Ao redor,
Tem o meu corpo para lhe acompanhar

Encaramos o céu de brilho asfixiante
Te envolvo.
E nos perdemos em um silêncio ressonante