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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Os braços dos rios


As cores rústicas da beira dos rios Pauiní, Atucatuquini e médio Juruá, braços da principal bacia hidrográfica do mundo, reiteram a observação singela do escritor Milton Hatoum “Aqui a passagem do tempo é tão lenta que a vida pode caminhar sem pressa”. Essa percepção está, também, nas linhas, formas e expressões captadas pelas lentes de uma máquina capaz de diferenciar muito bem o natural do artificial.
Mas as lentes oculares dos homens da floresta vivem a natureza e não a diferencia. Sabem que cuidando dela, cuidam de si. Nas dificuldades da vida onde seus instrumentos são os mais simples, como os objetos de madeira, troncos, braços e pernas, Fernanda Preto consegue mostrar que há, neste lugar, mais expressão humana do que suposto.
Suas fotos mostram, nas cores da floresta e no uso que o homem faz dela, a proximidade que há entre os diversos tipos de vida na distância dos rincões mais inacessíveis. E a certeza da distância na beira dos rios dita o ritmo das mudanças e traz o alento da continuidade.

Tormenta



Tem marmanjo que num guenta
a minha imagem magenta.
Intendo atormentar as idéias
e torcer um tanto de ateias.
....
A convicção que ostentas,
ágape com as ferramentas,
não passa de prosopopéia

anterior à era da pangéia.
.....
Tire os enfins de suas ventas!
Cessa tuas manias nojentas
para assistir minha estréia.
....
Quem não sabe, inventa.
E o nosso invento atormenta
nas tripas em diarréia.

domingo, 21 de outubro de 2007

Poesia em demasia


Agora, chega de hipocrisia:
não é ensinada em aula, a poesia
O mundo que gira é o poema!
Inexiste qualquer esquema

O esquema é viver
e obedecer ao que acontecer
Não dê asas à azia!
Poesia em Demasia!

Pra controlar o descontrole
a poesia me engole.
Não me amole.
pois, não é mole.

Se atira o autoritarismo,
de ensinar o indecifrável,
sou todo o terrorismo
de uma aula interminável.

Só as discussões são sãs,
mas a apatia empata.
Toda desvalorização vã
desfacela a fatura e enfarta

O esquema é viver
e observar o que acontecer.
Não dê asas à azia!
Poesia em demasia!

A poesia é construção,
as palavras, os tijolos dos versos,
as estrofes, paredes do refrão
Apesar do meu piso inverso,
vou construir a desconstrução.

O senso crítico é o guindaste
que parte meu baluarte,
porque pra construir
o princípio é destruir
e continuar a rir.

Então vamos começar...
As paredes vão balançar...

Pode trazer os seus versos
que não ensinam poemas avessos.
Destruo suas rimas pedantes.
Desprezo a métrica antes.

O esquema é viver
e observar o que acontecer.
Não dê asas à azia! Poesia em demasia!

Se é polida , não é lida.
Sé é pobre, se encobre.
Mas, se rústica e rica
é uma acústica que fica!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Eu odeio insetos



Eu odeio insetos,
Mas as borboletas me comovem
A arrogância em mim dissolvem
Só que sigo incerto.
Com a natureza eu flerto,
Mas o incômodo que promovem
Alçam vôo num reclame inquieto
Como a rarefeita nuvem,
Que me deixa certo
Estão perto!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Me deixa te beijar

Beija-me
Não deixa-me
Me deixa ser só teu
Me deixa secar tuas lágrimas
Me deixa consertar minhas lástimas
Me deixa contar o que ninguém escreveu

Me deixa mudar ao teu lado
Me deixa melhor ao te ver
Me deixa por ti educado
Me deixa, de ti, entorpecer

Não me deixa só contrariado
Me deixa intrigado
Por não conseguir me expressar

Deixa de me deixar
Me dá uma deixa
Me beija

sábado, 22 de setembro de 2007

Amor sem temor

Quero um amor sem temor,
pois, prefiro o fogo da dor
à garantia inercial do gelo.
Por isso, lhe faço este apelo.

Deixe meu corpo em torpor.
Queime seu medo em louvor
para que tenha meu zelo.
Aposte suas fichas pra tê-lo

Já se disse que, para preservar,
só o fazemos por temer ou amar
e vejo em seus olhos, receio.

Vou nos unir em um lar,
fazer o seu medo acabar
e me afagar em seu seio.

domingo, 9 de setembro de 2007

Nos seus cachinhos

Quero me enrolar nos seus cachinhos
e dizer na sua orelha em sons baixinhos.
Vou apreciar, com gosto, os seus efeitos,
 posso suportar, de você, todos defeitos.

O seu charme é essencial ao meu caminho.
Vou lhe enquadrar e colocar no meu cantinho.
As suas palavras são carinhos no cabelo
e o seu suspiro faz pirar meu pêlo.

Eu sei de suas, momentâneas, limitações,
mas não configura em nenhuma das infrações,
eu gostar de você e você, de mim.

Posso desacelerar minhas intenções
e limitar minhas atuais declarações,
pois, sei que teremos um ao outro enfim.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Vende-se amor

Se quiser vender seu coração
posso não pagar te antemão.
Deverei infindáveis prestações
para fazer jus às proporções.

Você vale milhares de tentações
ferraris, viagens e mansões.
O seu preço é um abraço sem fim.
Se pedir, lhe dôo meu rim.

Você vale a melhor felicidade,
vale os temores da idade,
vale as mais altas risadas.

Você vale as flores do mal,
vale qualquer carnaval,
vale milhares de fadas.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Não conheço

Eu não conheço a felicidade,
mas a tristeza me conhece,
muito bem.

Não conheço a cidade,
mas as ruas do meu bairro
me perseguem.

Não conheço a solução,
mas, os problemas da questão,
eu inventei.

Não conheço o que mereço,
mas me despir do desprezo,
eu não sei.

Eu não me conheço,
mas carrego apreço
pelas batalhas que travei.

domingo, 19 de agosto de 2007

Iguais demais

A sensação de superar sua natureza
é inerente a qualquer ser vivo.
Sobressalta-se com sua proeza
e menospreza os outros, lascivo.

Se estivesse sem essa sensação
não teria motivos, não haveria razão
para superar de supetão a tristeza
e transformá-la em eterna certeza.

Pode ser considerada a magia
a fazer, de sua oratória, hipocrisisa
pois, pensam diferir dos demais.

Só que isso outros também pensam
e preenchem-se com pretensão.
E os deixam, então, mais iguais.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Condenação Terminativa

As minhas atribuições esquecidas
pelos responsáveis da autarquia
deixam as esperanças embebidas
numa solução que eu teria um dia.

Eu mesmo tentei arguir o contrário,
às suposições de desfalque ao erário.
Porém, temos mesmo de reconhecer:
os seus atos visam, apenas, o enriquecer.

Despacharam sua condenação terminativa
e a sua atitude, um tanto evasiva,
vai acabar o levando atrás das grades.

Não há o que possa lhe absolver.
As rezas a que deve, agora, se ater,
se destinam a juízes e, não, a frades.


segunda-feira, 6 de agosto de 2007

www Eu e Vc

Se os pensamentos estivessem na net,
seríamos um só gosmento chiclete.
Os desvarios múltiplos da sua telha
despertariam outra nova centelha.

Se pudéssemos estar com qualquer um,
causaria um estranho zunzunzum.
Esse barulho o deixaria débil
e o teu corpo em estado febril.

Ou poderíamos ter o conforto
de estarmos em junção absortos
e ter em todos nosso pensar.

Dá pra ser assim. Há de ser.
Dáblio, dáblio, dáblio EUEVC
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