Quem te viu, quem te vê Bem-te-vi A tua vida vadia evadiu. Se envolveu nos vacilos da vida. Visando averbar a revira- volta. Se teus sonhos sadios dormiram, se enfadou nos caminhos fodidos e faliu sua chance de mudar sua história. Se roeu nas raízes dos males e morreu sem brincares nessa vida arredia.
É sobre este estado de subtração com milhas e milhas de falso pudor que se apresenta em Novo Airão e compreende o Estirão do Equador ...
E é sobre a serenidade que vive a viajar E nem deixou seus votos por aqui Não me encontrou em Amaturá tampouco achou-me em Beruri ... É sobre o ladrar dos cães e sobre o silêncio que já descansa em paz É da cor de Alvarães e da textura de Codajás ...
É ainda o porquê destas palavras afins que jorraram pela semana inteira ao nascerem em Tonantins e seguirem para São Gabriel da Cachoeira
... E nunca quis soar estranho com pretensões de mundos inteiros Pois não foi várzea nem castanho Refiro-me aos Careiros
... Mas sempre foi sobre a descrença deitada nua em pleno divã que sequer fora a São Paulo de Olivença mas implorava por Benjamin Constant
essa vadia dá pra todo mundo a qualquer hora por qualquer coisa em qualquer dia. Quero afogá-la em lamentações e expulsá-la pr´outras estações. Só quero ter saudade da Saudade mesma e sair ileso de virar
Desajustados, batem meus ventrículos e minha face obedece aos ventríloquos que ajustam o caminhar da minha boca, oca, capaz de entoar só essa voz rouca.
Só tem sangue venoso nos meus átrios. Esvaem-se os vastos adjetivos pátrios por cederem espaço à paixão sadia afogada em doses extras de covardia.
Romperam-se as funções das válvulas e, se puder lhe reciclar, salvo-las, para poder restar alguma parte minha.
Sua ausência desconjuntou os batimentos e, por ora, os meus olhos são lamentos de um coração a morrer de arritmia.
Não sou mulher de minutos Daquelas que os segundos varrem Para debaixo do tapete sujo
Não pinto os cabelos de fogo Nem faço tatuagem no umbigo Me recuso a usar corpetes e cinta-liga
Há sementes em meu ventre São palavras que ainda não reguei Prefiro guardá-las em silêncio Até que o tempo amadureça os meus minutos E a vida me contemple com seus frutos
Eu não borro os meus cílios na solidão da noite Nem pinto meu rosto com a palidez das manhãs Meu corpo é feito de marés Onde navegam mil anseios Eles são como veleiros sem direção Porque eu estou sempre na contra-mão.
"Saúdo a todos, com ares de festa, com vinho de pupunha, com beijú e kiampira e um peixe bem muquiado. Envio meus sinais de fumaça de que retornei e quase intacta. Grata aos que vibraram. Entre piolhos já exterminados, queimaduras negligentemente cuidadas, picadas de origem anfibológica, vômitos e diarréias (sobre os quais seria dificil poetizar) sobrou ainda mais disposição para descobrir mundos novos, dentro e fora de mim. Katehe naka. Katehe xita. Estou de volta! Com os mesmos 20 e poucos anos e a bagagem um pouco mais pesada. "
São mais de cinco os mercenários, donos da cidadela E mais de três os bêbados cristãos ordenados Mais de nove os políticos endinheirados São quarenta mil cento e trinta e sete¹ os explorados
São vinte e três as etnias Imensuráveis as riquezas linguísticas Que nas bocas opacas e oprimidas Se convertem em palavras mínguas
O caos urbano de um desregrado crescimento Faz a ‘Bela’² continuar dormindo De tanto acanhamento
Fome, dor, suicídio Perspectiva, subjulgamento, omissão 51 é pra dar sentido Ao que esfarinhou o coração
(O)Brigada Infantaria de Selva Que à fronteira traz proteção Pelo suor, pelo trabalho, Colômbia! Pelas promessas e prostituição
A mais indígena das cidades brasileiras Tem Maria, tem Joana e Edivanson São tukanos, barés, banivas- -“Me chamo Cacique Henrique de Almeida³”
O xibé e o tabaco Adiam o ronco do estômago, dolorido Indigesta realidade manauara Na minha barriga de branca bem alimentada
Observações:
¹ IBGE 2007
²"Bela Adormecida" - De São Gabriel da Cachoeira, avista-se a Serra de Curicuriari. Foi apelidada com o nome da fábula infantil por suas formas parecerem a de uma mulher deitada e dormindo.
³ Nomes reais, assim como os personagens do primeiro verso.
Amanheci apaixonado em ti e se tinha receio por ti, o parti! Vou declarar-te os anseios pra me encontrar nos teus seios.
Estou viciado em tua chatice e as palavras que nunca te disse, vou despejá-las numa só frase: Vou te comer em catarse!
Vou devorar teus assuntos para criar em conjunto o Universo na cama. Nossas estrelas serão o teto, nossa foda será o concreto e essa vida será nossa trama.
O seu pisar é ímpar. Seus calcanhares, pazes. As suas pernas, ternas. A sua coxa, poxa! A sua anca espanca. A sua bunda abunda. As suas costas, postas. Os seus seios cheios. O seu pescoço eu coço. A sua boca, almoço. Os seus cabelos: lê-los. O seu carinho, ninho. O seu sorriso, piso. Os seus olhares, lares e você toda é FODA!